SERVA DO SENHOR

SERVA DO SENHOR
"Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra"(Lc 1,38)

terça-feira, 29 de julho de 2014

O RELÓGIO DA ALEGRIA

Se pudesse hoje um relógio faria
31 horas ele teria
cada hora 1 dia a menos seria
e contar as horas eu começaria


E em cada hora eu pensaria
Que cada vez mais se aproximaria
O momento de viajar
E mais feliz eu ficaria

São somente 31, eu diria
E cada vez diminuindo
Até chegar aquele dia
Que finalmente eu partiria

Meu relógio saberia
Que sua dona queria
Voltar à pátria amaria
E contaria, contaria

Cada minuto passaria
O coração forte bateria
E quando pensasse que não
De agosto o dia 28 chegaria

E seria então uma alegria
A viagem de retorno
Que de tão grande
Em meu peito não caberia

Relógio não há, eu sabia
Mas o mais importante havia
A passagem na aérea companhia
E a fé de chegar, a maior alegria!

(Cintia Assunção, em 28 de julho de 2014, aguardando com alegria a hora de voltar à sua pátria amada!)

quinta-feira, 24 de julho de 2014

CHUVA EM MONTREAL

Ó Chuva, delícia do céu, 
É bênção que deixas cair
Perfumas a terra, o chão
E paz tu me fazes sentir


Acalmas em mim a saudade
Que sinto do meu Maranhão
Me lembras o valor da amizade
E alegras o meu coração

Teu som é música que embala
Os sonhos de minha infância
Por ti, minha história fala
Então tudo em mim é lembrança

O nosso poeta falava
De palmeiras e de sabiá
Eu hoje falo, ó chuva
Da vida que encontro só lá

Lá onde o Sol é mais quente
Onde tudo tem mais sabor
Onde a dança mexe com a gente
Eu falo da Ilha do Amor!


(Cintia Assunção, em 23 de julho de 2014, a pouco mais de 1 mês da viagem de retorno à terra querida, São Luís do Maranhão)

sábado, 31 de maio de 2014

A FORÇA DA SANTA MÃE


Num dos trajetos que costumo fazer a pé em Montreal, próximo ao campus de uma universidade, percebi a presença de uma gruta vazia. Não há imagem. Mas a gruta vazia diz muito. Talvez muito mais do que se possa imaginar.

Hoje, 31 de maio, quando se costuma festejar a Coroação de Maria, não participei de nenhuma celebração especial. A Igreja Católica no Quebec passa por um momento delicado. Há poucos fiéis. Já não há manifestações exteriores (procissões). As irmãs contam que, quando eram crianças, o mês de maio era repleto de manifestações da devoção mariana, em que costumavam rezar o terço com os vizinhos, perto de cruzes que formavam o Caminho da Cruz. Havia toda uma tradição. Essa tradição foi perdida? Não!
É interessante notar que atualmente, aqui no Quebec, para se manter o Estado separado da Igreja, ou seja, o Estado laico, foram tirados os símbolos religiosos das instituições públicas, com a justificativa de não se impor nenhuma crença. 
Mas a Santa Mãe continua lá. Já não há sua imagem, que foi retirada. Mas a gruta vazia lembra o que? Ao ver a gruta vazia, em que se pensa? Não se imagina nada, a não ser que ali houve um dia uma imagem. De Nossa Senhora. Da Santa Mãe.
A força da Santa Mãe, do seu amor, do carinho que teve com todos que encontrava, a começar com sua prima Isabel, depois com seu esposo José, com Jesus, com os discípulos... Não fosse assim, o Senhor jamais teria entregue a Sua Mãe ao discípulo amado, que representa toda a humanidade.
Mesmo que no Quebec hoje não haja Coroação. Mesmo que arranquem os símbolos religiosos. Mesmo que retirem a imagem da Santa Mãe. Tudo isso continuará presente no coração de todo aquele e toda aquela que crê. 
Na gruta pode não haver imagem, mas a lembrança e a força da Santa Mãe continuam presentes. Sempre.

domingo, 25 de maio de 2014

CONTEMPLANDO O GRANDE CRUCIFIXO

Já havia caminhado bastante. Havia vivido alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, risos e choros. Cheguei no Santuário da Conceição com sede, com meu pote na mão. Precisava de água. Não importava se já fosse meio-dia. Ali eu sentei. Naquele banco de madeira, sem conhecer ninguém. Ali começava um grande encontro. Seria uma nova vida. Eu nem suspeitava o que haveria de vir, o presente que receberia...
Ali, a cada domingo, eu contaria a Deus minhas angústias, meus sonhos, minha vida. Eram momentos especiais: só meus e dEle.
Contemplando aquele grande crucifixo, senti várias vezes em meu coração, que Jesus falava comigo. Ele me dizia alguma coisa... que eu ainda não conseguia entender.
Sabia que como batizada, era filha de Deus, era agraciada por Seu amor sempre fiel. Mas a graça maior ainda estava por vir.
O caminho não foi fácil. Carregar um balde de dúvidas não é fácil. Mas ali eu sentei. Na beira daquele poço. Estava cansada. Precisava descansar e beber um pouco d'água.
Naquele 25 de maio de 2009, estava aparentemente sozinha. Ele chegou. Já há algum tempo sentia no coração uma inquietação, uma emoção, algo que não sabia explicar. Já era Ele tocando meu coração. Já era Ele conversando comigo. Já era Ele perguntando e, ao mesmo tempo, sabendo tudo sobre minha vida. Mas naquela tarde, em que preparava um roteiro de rosário para rezar com minha avó, eu ouvi Sua voz me oferecendo ÁGUA VIVA. Nunca senti tanta alegria em meu coração. Alegria de verdade, pura, inteira, genuína. Dessas alegrias que não se esquece nunca mais.
Ele me chamava para segui-Lo por toda a vida. Eu então podia compreender toda a inquietação que havia em meu coração há alguns meses.
Ele sabia tudo sobre minha vida. E me amava, por isso me chamava.
Naquele dia 25, larguei o meu pote e nunca mais parei de anunciar a todos que eu encontrei um homem que sabe tudo sobre mim. Sou livre. Quero segui-lo. Chega de sede. A água que Ele me ofereceu e me oferece a cada amanhecer é água pura, cristalina. Quem tem coragem de parar na beira desse poço, para beber dessa água, nunca mais terá sede.
Naquela tarde fui chamada à vida religiosa.
Obrigada, meu Senhor, por tanto amor que tenho recebido e oferecido desde então. Há 5 anos sou muito mais feliz do que podia imaginar que fosse um dia.

domingo, 20 de abril de 2014

DOMINGO DE PÁSCOA, FESTA DA RESSURREIÇÃO

Feliz por viver mais uma Semana Santa, transbordo de alegria por celebrar hoje, Dia do Senhor, a certeza de que Ele ressuscitou, de que Ele está vivo!
Paro um instante para ouvir o que meu coração tem a dizer sobre essa fé que me invade e que me impulsiona a querer conhecer-me para, como seguidora de Jesus, rolar a pedra e ressuscitar a cada amanhecer.
A experiência da fé, do seguimento, do apostolado, é tão forte a ponto de me fazer suportar e superar cada limite (meu), cada dificuldade, cada desafio. Sem a certeza da experiência do Ressuscitado, torna-se impossível passar para a outra margem, como Ele pediu a seus discípulos e nos pede a cada dia.
Sinto-me hoje como Maria Madalena, aquela mulher que teve a felicidade de, em meio à perda do seu Senhor, continuar cheia de esperança de poder encontrá-lo, poder vê-lo e até tocá-lo. De acordo com o conhecimento humano, Ele estava morto, mas no coração daquela mulher havia a fé. E por causa dessa fé, Ele revelou-se a ela. Sim, foi a ela que Ele primeiro apareceu.
Sem fé, sem esperança e sem amor torna-se impossível perceber a presença de Jesus em nossas vidas. É preciso contrariar todos os raciocínios humanos e ouvir a fé que trazemos no coração. Isso é fazer a “experiência de Deus”. Existe um momento em nossa vida, a partir do qual, não dá mais para ficar escondido como José de Arimatéia e Nicodemos. É preciso correr, gritar, anunciar como Madalena, como a Samaritana, como os discípulos de Emaús. Ao encontrarmos o Senhor, também nós ressuscitamos!
Feliz encontro! Feliz Páscoa! Feliz Vida Nova!

Aleluia! 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A TERRA QUE TE MOSTRAREI


"O Senhor disse a Abrão: 'Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê uma bênção!'" (Gn 12, 1-2)

Há exatamente 6 meses, eu chegava nessa terra que o Senhor me indicou; foi a fé que me trouxe até aqui. 
No dia 17 de agosto de 2013 cheguei ao Canadá. Os primeiros momentos em Toronto, onde tomei o café da manhã no Aeroporto com Ir Mila, foram descontraídos, apesar do cansaço (tínhamos passado o dia anterior inteiro em São Paulo).
Quando finalmente cheguei a Montreal, fui recebida com muito carinho pelas irmãs da comunidade da qual passei a fazer parte. Eu sentia com bastante clareza que aquela era "a terra que o Senhor me mostrava". 
Encontrei uma linda rosa na mesinha do meu quarto. Senti muito forte no meu coração que Deus nunca me abandonaria.
Passei por algumas adaptações, incluindo a língua francesa do Quebec, mas hoje posso dizer que sinto uma grande paz em estar aqui, fazendo a vontade do Senhor em minha vida.
Sinto-me preparada para os próximos 6 meses!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

TALÍTHA KUM

Talítha kum
Um homem poderoso chega perto de Jesus e pede sua ajuda. Seu nome é Jairo e sua filha, uma menina de 12 anos, está gravemente enferma. A dor daquele homem, vendo que está prestes a perder a quem mais ama, o faz descer de seu cargo e o impulsiona a procurar o Mestre.
Os seus conhecidos, plenos de racionalidade, afirmam com total segurança que a filha de Jairo já morreu. Provavelmente aquela adolescente apresenta um problema de difícil solução, incurável. Talvez uma dependência química, ou um outro transtorno psíquico, situações tão comuns nos dias atuais. 
A visão da sociedade, daqueles que detêm o conhecimento, é bem clara: a filha de Jairo já está morta!
Mas Jesus afirma de forma veemente: "Ela não morreu, está apenas dormindo."(1)
Jesus "entrou onde ela estava"(2), entrou em sua realidade, em seu mundo, provavelmente ganhou sua confiança, "ele tomou a sua mão"(3) e lhe disse "Talítha kum" que em sua língua, o aramaico, quer dizer: "Menina, eu te digo, levanta-te"(4). 
A cena que pode ser lida em Mc5,21-43 mostra nada mais do que o poder da fé. 
Inúmeras são as situações de desespero por que passam as crianças e adolescentes da atualidade, acometidos de transtornos psíquicos, muitas vezes considerados como "sem jeito", "sem cura", "caso perdido". 
Jesus nos mostra que a esperança nunca deve ser perdida. É ela que nos move. A vida não é simplesmente o que vemos, o que tomamos, o que tocamos. A vida é muito mais.
Aqui o poder da fé é tido como responsável pela cura dessa "criança" que aparentemente está morta. De acordo com Jesus, ela dorme. Ela está imobilizada pelo sono quem sabe do consumismo, do materialismo, da perda de identidade ou do ponto de referência, da violência, da competição, do egoísmo, da ambição, que matam tanta gente, silenciosamente, a cada dia, a cada minuto.
Jesus diz a Jairo: "Não temas: crê somente"(5). É a fé e a ação gerada pela fé que poderão salvar tantos jovens sem rumo.
Acreditemos no poder do Mestre. Mas também, saibamos sair à procura dEle. Saibamos reconhecê-lo naqueles que nos oferecem ajuda. Jesus não nos abandona. Tenhamos fé. É ela que nos cura.

(1) Mc 5,39b
(2) Mc 5, 40b
(3) Mc 5, 41a
(4) Mc 5,41b
(5) Mc 5, 36b

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

SOMOS DIFERENTES!

Nesse comecinho de ano, em que fazemos tantos planos, em que desejamos tanta paz, que tal começarmos a entender que as pessoas não são iguais? Que cada ser tem sua autenticidade e, portanto, não há espaço para rotular ou julgar os outros; lembrando que cada um de nós tem suas próprias experiências. Enfim, somos DIFERENTES!
Há alguns meses, encontrei uma colega de profissão em um congresso e ela me perguntou se era verdade - pasmem!- que eu tinha "ido para o convento" por causa de uma decepção amorosa. Isso tudo porque eu brincava muito com um colega, dizendo que éramos noivos...
E não foi só ela, outras pessoas que trabalharam comigo há alguns anos em certo hospital, tem comentado essa "fábula". 
Isso reflete a infantilidade de achar que todos são iguais. Não, a descoberta que fiz, meus sentimentos, meu enamoramento com as coisas de Deus, nada tem a ver com as fantasias das pessoas, com sua infantilidade perante a vida. Que forma mais "Rede Globo", fantasiosa, de ver a vocação religiosa de alguém!
Já ouvi até gente dizendo que eu tinha "deixado de ser médica"! 
Será que não seguir os padrões da sociedade como o individualismo, o consumismo, o egocentrismo e tantos outros "ismos" seja assim tão estranho a ponto de as pessoas quererem achar justificativas absurdas?
Acho que se cada um cuidar de si mesmo, sobrará muito tempo para, quem sabe ler um bom livro e alargar sua mente.
Lembremos: SOMOS DIFERENTES!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

ANIVERSÁRIO É DIA DA GENTE

Aniversário não é dia comum, 
Aniversário é dia da gente, 
é dia de agradecer, de pedir, de dizer, 
é dia de ser, de crescer, de vencer

Não é dia de duvidar,
é dia de acreditar, de meditar,
é dia de dizer como é bom viver

Aniversário é sentir-se amada,
beijada, cortejada
Aniversário é amor, é licor, é sabor

É viver intensamente, soberanamente,
despretenciosamente, tranquilamente,
maravilhosamente

Por isso, amiga, viva!
Desejo a você a alegria de ser
abençoada, amada, festejada!

FELIZ ANIVERSÁRIO!


(Escrito para Karina Marinho Braga Rodrigues, por ocasião de seu aniversário, em 05/12/13)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

TER menos, para SER mais

Em tempos de pós-modernidade, quando muitas vezes se confunde o que se É com a quantidade ou com o preço do que se POSSUI, penso ser uma graça experimentar e, melhor, optar por uma vida sem luxos, sem exageros e assim poder verificar quem realmente eu SOU.
A POBREZA não é somente deixar de ter o desnecessário. Ela começa dentro de mim, no meu íntimo. "Ela começa com uma abertura honesta diante dos apelos de Deus a meu coração." (1)
Ao deixar minha estabilidade, minha rotina, minhas coisas, meu trabalho, meu salário, para viver em um outro país, dependendo financeiramente de uma Instituição e tendo que recomeçar a todo instante (aprendendo como me expressar em outro idioma, por onde andar, como me vestir...) deixo o orgulho, a vaidade, a autossuficiência de lado e tento conhecer quem eu SOU realmente.
Na sociedade atual, onde se mede o que se É pelo que se TEM, geralmente fica difícil entender quais as reais necessidades de cada pessoa.
Lembro como vivi minha infância e minha adolescência: eu tinha o necessário, nada sobrava, a não ser o amor, a amizade, a simplicidade, a fé em Deus, valores tão importantes e deixados, muitas vezes, em segundo plano no mundo atual.
A sociedade de consumo está aí, faz parte da realidade. Nela me são oferecidos muitos e muitos recursos, na sua maioria supérfluos e, minunciosamente planejados para que eu pense que são necessários ou mesmo indispensáveis.
Bem-aventurada é a pessoa que consegue discernir do que realmente necessita para viver. Só assim se consegue chegar à essência interior e viver mais intensamente a confiança em Deus. 
Nesse "tempo de graça" que vivo, aprendo a identificar e a vivenciar dois tipos de pobreza: a material e a interior (ou espiritual).
Agora começo a entender porque Cristo inicia as Bem-Aventuranças dizendo que "bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus." (2)
A verdadeira pobreza começa dentro de mim, só depois é que se expressa na pobreza material.
Penso que não adianta dizer que vivo com poucos recursos materiais, se continuo "cheia de mim mesma", fechada nos mesmos valores, sem abertura para novas realidades, novas pessoas, novos desafios.
Quero deixar de pensar muito em mim. Quero seguir Jesus que, sendo Deus, abriu mão de "seguranças" para se encarnar, humanizar-se, experimentar na carne e no espírito as maravilhas e as dores de SER humano. Quanta leveza, quanto amor, quanta pobreza...
Quero andar leve. Leve de mim mesma. De minhas teimosias, de minhas teorias, de meus "pré-conceitos", do excesso de trabalho, de dependências sentimentais. 
Quero andar leve para ajudar as outras pessoas. Até porque se Cireneu já tivesse um peso sobre as costas como teria aliviado o peso que colocaram sobre Jesus?

Cintia Assunção
Noviça sgm

Montreal, 15 de novembro de 2013

(1) Kearns, Lourenço. Teologia do voto de pobreza, Editora Santuário, Aparecida, 2005, p 89.
(2) Mt 5,3