SERVA DO SENHOR

SERVA DO SENHOR
"Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra"(Lc 1,38)

sábado, 31 de maio de 2014

A FORÇA DA SANTA MÃE


Num dos trajetos que costumo fazer a pé em Montreal, próximo ao campus de uma universidade, percebi a presença de uma gruta vazia. Não há imagem. Mas a gruta vazia diz muito. Talvez muito mais do que se possa imaginar.

Hoje, 31 de maio, quando se costuma festejar a Coroação de Maria, não participei de nenhuma celebração especial. A Igreja Católica no Quebec passa por um momento delicado. Há poucos fiéis. Já não há manifestações exteriores (procissões). As irmãs contam que, quando eram crianças, o mês de maio era repleto de manifestações da devoção mariana, em que costumavam rezar o terço com os vizinhos, perto de cruzes que formavam o Caminho da Cruz. Havia toda uma tradição. Essa tradição foi perdida? Não!
É interessante notar que atualmente, aqui no Quebec, para se manter o Estado separado da Igreja, ou seja, o Estado laico, foram tirados os símbolos religiosos das instituições públicas, com a justificativa de não se impor nenhuma crença. 
Mas a Santa Mãe continua lá. Já não há sua imagem, que foi retirada. Mas a gruta vazia lembra o que? Ao ver a gruta vazia, em que se pensa? Não se imagina nada, a não ser que ali houve um dia uma imagem. De Nossa Senhora. Da Santa Mãe.
A força da Santa Mãe, do seu amor, do carinho que teve com todos que encontrava, a começar com sua prima Isabel, depois com seu esposo José, com Jesus, com os discípulos... Não fosse assim, o Senhor jamais teria entregue a Sua Mãe ao discípulo amado, que representa toda a humanidade.
Mesmo que no Quebec hoje não haja Coroação. Mesmo que arranquem os símbolos religiosos. Mesmo que retirem a imagem da Santa Mãe. Tudo isso continuará presente no coração de todo aquele e toda aquela que crê. 
Na gruta pode não haver imagem, mas a lembrança e a força da Santa Mãe continuam presentes. Sempre.

domingo, 25 de maio de 2014

CONTEMPLANDO O GRANDE CRUCIFIXO

Já havia caminhado bastante. Havia vivido alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, risos e choros. Cheguei no Santuário da Conceição com sede, com meu pote na mão. Precisava de água. Não importava se já fosse meio-dia. Ali eu sentei. Naquele banco de madeira, sem conhecer ninguém. Ali começava um grande encontro. Seria uma nova vida. Eu nem suspeitava o que haveria de vir, o presente que receberia...
Ali, a cada domingo, eu contaria a Deus minhas angústias, meus sonhos, minha vida. Eram momentos especiais: só meus e dEle.
Contemplando aquele grande crucifixo, senti várias vezes em meu coração, que Jesus falava comigo. Ele me dizia alguma coisa... que eu ainda não conseguia entender.
Sabia que como batizada, era filha de Deus, era agraciada por Seu amor sempre fiel. Mas a graça maior ainda estava por vir.
O caminho não foi fácil. Carregar um balde de dúvidas não é fácil. Mas ali eu sentei. Na beira daquele poço. Estava cansada. Precisava descansar e beber um pouco d'água.
Naquele 25 de maio de 2009, estava aparentemente sozinha. Ele chegou. Já há algum tempo sentia no coração uma inquietação, uma emoção, algo que não sabia explicar. Já era Ele tocando meu coração. Já era Ele conversando comigo. Já era Ele perguntando e, ao mesmo tempo, sabendo tudo sobre minha vida. Mas naquela tarde, em que preparava um roteiro de rosário para rezar com minha avó, eu ouvi Sua voz me oferecendo ÁGUA VIVA. Nunca senti tanta alegria em meu coração. Alegria de verdade, pura, inteira, genuína. Dessas alegrias que não se esquece nunca mais.
Ele me chamava para segui-Lo por toda a vida. Eu então podia compreender toda a inquietação que havia em meu coração há alguns meses.
Ele sabia tudo sobre minha vida. E me amava, por isso me chamava.
Naquele dia 25, larguei o meu pote e nunca mais parei de anunciar a todos que eu encontrei um homem que sabe tudo sobre mim. Sou livre. Quero segui-lo. Chega de sede. A água que Ele me ofereceu e me oferece a cada amanhecer é água pura, cristalina. Quem tem coragem de parar na beira desse poço, para beber dessa água, nunca mais terá sede.
Naquela tarde fui chamada à vida religiosa.
Obrigada, meu Senhor, por tanto amor que tenho recebido e oferecido desde então. Há 5 anos sou muito mais feliz do que podia imaginar que fosse um dia.